quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A DIFICIL ARTE DE COMPREENDER E SENTIR…


Publicado originalmente em 4 de junho de 2011 

Compreendo a fome no mundo e a existência do desperdício, mas não compreendo o porquê desta equação ser tão equivocada.

Compreendo que as pessoas tenham pressa, o tempo se tornou metade das 24hs possíveis de realizar trabalho, projetos e tantos são os afazeres que a rotina pouco pode ser modificada… Compreendo este constante buscar do ser humano. Meio que automatizado a ser funcional, racional e na maioria das vezes egoísta.

Pouco ou quase nada cedemos.  É complicado sair dos parâmetros aos quais estamos acostumados. Há pouco tempo ouvi de uma pessoa querida que procura evitar conflitos e quanto menos dor ( no sentido de sentimentos) melhor; observando suas atitudes me vi intrigada.

Até que ponto o ser humano cede espaço para o outro se expressar como ele exatamente é? Até que ponto compreender e sentir caminham juntos e quando não caminham como reagir?

Eu sou intensa. Não consigo guardar para mim algo que me incomoda, me machuca. Tenho necessidade de expressar, de falar, ainda que escrevendo, como sempre o faço, mas confesso que nem tudo que compreendo sinto como minha verdade, minha essência. Então compreender passa a ser um processo de buscar entendimento, quase uma partilha entre o lógico e o que sinto como meu.

Tem gente que retêm para si e rumina aquilo como que quisesse extrair todo o liquido amargo da ofensa (se é que ela existiu) e engolindo aos poucos o fel vai meio que anestesiando a alma machucada e deixa o tempo passar cicatrizando suas dores emudecidas, outros se enfurecem e envoltas em seus medos e pesadelos são incapazes de conceber qualquer idéia que não seja exatamente igual a que pensam.

Queria entender o coração de este ser que tanto amo. Juro que queria. Entender quais conflitos se meteu para ter tanto medo de se mostrar pleno e pleno ser amado. Poder dizer-lhe que às vezes compreender não significa entender e por não entendermos muitas vezes deixamos que os sentimentos se percam… Mas perder-se neles é infinitamente belo se lançarmos nossos olhares com ternura e paz.

Conhecer os sentimentos das pessoas, entender as paixões que as movem e ouvi-las despirem suas almas como ninfas bebes… Tendo a certeza que apesar do outro ver a vida por uma ótica tão diferente da nossa o quadro que se pinta certamente tem haver com os dois e de fato é só para os dois.

Queria tanto que ele soubesse disso! Que compreendesse que cada ser tem suas razões para chegar aonde chegou e só por isso vale muito a pena sentir tudo que se tem para sentir…  Dizer que muita gente desiste fácil de sentir, porque tem dificuldade de se expressar. Muita gente desiste fácil de sentir porque é mais prático racionalizar, muita gente desiste fácil de entender porque esqueceu de sentir o outro em sua essência.

Talvez seja essa a maior dificuldade do ser humano hoje. Na pressa de tantos afazeres e compromissos, compreendemos, racionalizamos, marcamos encontros como marcamos reuniões de trabalho – se não der, desmarcamos e tudo bem – E não é bem assim que as coisas funcionam… A gente não encaixa os sentimentos do outro numa hora na agenda, em um intervalo entre uma atividade e outra…  Há de se cuidar do amor, ainda que seja breve, ainda que seja frágil.

Enfim, para encurtar a prosa… Desejo do fundo do meu coração que as dores da alma sejam sempre meu maior tesouro, porque só assim terei certeza de todo bem que fiz e do amor que pude oferecer.

Que todo meu amor seja nesta noite, flores sob seus pés.

Beijos meus.

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