segunda-feira, 30 de junho de 2014

...

E foi assim, num pé de vento, que ventou tão alto e tão forte, que levou para longe os meus cachos e junto o restinho de tristeza que eu ainda tinha....

sábado, 21 de junho de 2014

O Assoalho.

A gente vai colocando "vida" na casa com o passar do tempo. Memórias felizes em um porta retrato, uma lembrancinha trazida por uma pessoa querida que passeando por uma praia distante se lembrou de você, aquela almofada de promoção que não combina com nada... 

Canecas. Ah! As canecas de churrasco que você não sabe se deixa em cima da geladeira, como um pinguim sem utilidade, se coloca uma flor aquática (espera ai: isso não pode, por causa da dengue!) sabe lá o que se faz com isso...

São tantos os detalhes que vão dando ao nosso cantinho a cara de casa bem vivida, de gente que tem histórias para contar... Minha casa é assim. Além de ser uma construção antiga, anos 50, com uma roupagem externa mais moderna devido as reformas, ainda mantém em seu interior cheio de pequenas lembranças... Azulejos antigos, janelas largas e assoalho de taquinhos...Alguns carcomidos pelo tempo e umidade, outros ali, firmes, demonstrando que o tempo é como a vida da gente... Pode passar os anos e as lembranças aos poucos serem substituídas pelas novidades que chegam... Tudo pode acontecer em um chão firme.

Que nossa vida seja assim. Cheia de memórias bem vividas em um chão firme, sólido e bom de se caminhar.

Bom dia.

sábado, 14 de junho de 2014

O Outono e Eu.

Procuro em mim os ares de poesia e encantamento que existiam e agora parecem estar absurdamente doentes... Dormem o sono profundo de quem não quer existir. Dormem enquanto a vida passa, solene, pela janela da casa.

Fico entretida nos afazeres do dia a dia na esperança de que as horas acelerem o seu compasso e que mais um dia se finde no meu não eu... E que anoiteça no quintal da minha alma, fechando o ciclo das horas... Ascendo um incenso. Penso em meditar e buscar no silencio de minha alma as respostas para essa falta de energia... Em vão fico ali no não ouvir dos gritos engasgados na mente.

Deito e durmo entregue ao pesado ar escravizado em meu mundo.... Ar também doente, sem vigor, sem o perfume e as cores das flores miúdas das flores de maio espalhadas pela sala.

Mais um dia sem poesia e sem encantamento. Mais uma noite sem estrelas e sem luar.

Desta vez o outono trouxe-me alem do frio, a apatia de brinde... O desanimo e a falta de estimulo vão seguindo a fumaça do incenso e me fazem refletir sobre os próximos anos, os próximos sonhos, os próximos ares... Começo a reparar que alem do desapego dos dias preciso desapegar minha alma. - Relembro de uma conversa recente sobre este assunto e me assombro. Mudo o foco e me aconchego as cobertas, agora com a gata enrolada por entre minhas pernas, vou refazendo meu castelo de cartas, meus projetos para futuro, meus sonhos de que a  esperança talvez renasça... Em outro lugar, quem sabe.

Boa noite pessoal.