segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Fronteiras...

No universo do ser humano existem muitas fronteiras. A do coração e a da razão são as que mais me instigam.

Tenho meditado nos caminhos que convergem ao limiar destas duas fronteiras. - Quando estamos naquela fase crítica em que ambas escolhas parecem certas, ou o medo de errar e se machucar nos manobra para caminhos frios e sabáticos da trilha racional... Temos, em diversos momentos da vida, frieza do caminho pragmático e acertivo. Focamos no alvo e vamos seguindo feito mochos em busca de aceitação. Somos cegos, surdos e mudos em viva voz a silenciar toda e qualquer fonte de sentimento e compaixão a nós mesmos. Sacrificamos o nosso essencial e devotamos aquilo que nos promove.

Natural. Somos humanos. Dependemos de nosso trabalho e escolhas feitas ao longo de nossa tragetória.

Mas a alegria de um monge que passou toda a sua vida em devoção e amor não é menos válida?

Penso...

Os caminhos turvos que a vida nos elege as vezes nos coloca frente a frente com a cerca do nosso vizinho racional ou devotadamente santo... Coração e razão tem lá seus limites e seus caprichos...
Flor de pântano também tem seus mistérios e seus atributos embora esteja enraizada em solo argiloso.
A vida que se segue sem prumo é a vida de liberdade ou de libertação? - vai depender da entrega, da valorização do caminho que se escolhe e da paisagem que se quer ver.

A pouco tempo estive no interior de meu estado, numa cidade simples de poucos habitantes...

A naturalidade que essa gente vive e transmite seus conhecimentos é absurdamente arrebatadora. Nos tira do solo do "acho e estou certo" e nos arremete ao encanto da simplicidade de viver a vida como ela foi dada, permitida... Não é que estão enraizados neste solo simplório e condenados a uma vida modesta... Nada disso. São homens e mulheres fortes. São como plantas epífitas, que vivem sobre outra planta sem sequer extrair uma gota da seiva delas... Vivem com orgulho da vida que levam, dos dias de sol e de chuva, das buscas que se traduzem em uma jornada de trabalho. Sabem do valor que têm - Como a pitaya "saborosa" planta que se encontra nas copas das árvores daquele lugar... Planta de fruto rico em nutrientes, com efeitos medicinais poderosos e que podem chegar a valores exorbitantes...

Os nossos valores dependem muito de nossas fronteiras.

Nossos valores dependem muito de nossas vaidades.

Contemplando nossas verdades vamos dando as cores certas para cada estágio que nos encontramos. Vemos as conquistas feitas e as condições que as tornaram fáceis ou difíceis... Olhando a vida como um todo, temos um panorama aberto feito paisagem que pode ser fria como um prédio sem alma, ou alegre e divertida como uma casa humilde e com uma família numerosa dentro...

Tem coisas e verdades que ninguém tira da gente... É como olhar para o céu azul e ver as nuvens passando devagar... Enxergar nelas a sua missão no mundo, ou, encontrar nelas a coragem para o novo desafio. 

A maior conquista que possamos conquistar, não está em nenhuma das duas fronteiras. - Reflito - Porque se observamos o limiar do coração, nosso sentimento nos levará a vaidade de acreditar que nada nos poderá atingir... Se seguimos observando o caminho reto da razão, tantos cálculos nos trarão a certeza que seguiremos sozinhos e no final, nada ou ninguém nos aguardará... E em ambos os casos, nossa vaidade estará impregnada em nós mesmos com a falsa impressão de felicidade e de maestria.

Se a felicidade for embora o que sobra? A tristeza de não se bastar sozinho ou a razão do "eu disse que era para não seguir este caminho"?

Se a coragem e a certeza for embora o que sobra? A revolta pelos resultados sem sucesso ou o ser humano que olha firme para o seu caminho com a certeza de tentar novamente...

Tão humano ser imperfeito!!! Tão genialmente humano poder explorar todos os caminhos que se abrem como leque mostrando uma infinidade de rotas para tantos destinos diferentes...

Tenho um sonho. Voar. Como os pássaros, como as folhas soltas que despencam de uma árvore outonal... Quero voar pelos céus e ver os caminhos abaixo de mim... sentir o cheiro dos ventos... o beijo doce da vida em meus pensamentos... Testemunhar, plena, o segredo da vida... o não limite de fronteira alguma.

A vida. Somente ela, tem o poder de limitar a sua essência. 
Pense nisso.