quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Boa noite doutor!

Certa vez, em um prédio residencial no Rio de Janeiro, ouvi um pequeno diálogo entre o porteiro e o morador, (que era meu amigo) nada de mais, foi um cumprimento informal, mas me chamou atenção a forma de tratamento em que o porteiro se dirigiu ao morador:

 - Boa noite doutor!

Caramba! - Pensei. - Meu amigo não tem sequer o nível superior concluso, quanto mais o doutorado!

Mas, claro, se tratando da profissão humilde e o grandalhão e bem vestido morador de Copacabana, melhor tratá-lo de doutor... Ri sozinha, desolada, concluindo que eu também, ingenuamente trataria a todos moradores com a mesma distinção e cortesia.

Próximo a minha casa, as sextas-feiras, costuma ter uma feirinha de alimentação como uma forma de socialização dos moradores do bairro e também de trazer um lazer a mais para a região que moro... O fato é que entre um tira gosto e uma cervejinha, ouço comumente chamar o dono da barraca de bebidas de "Doutor"...

Daí me lembrei do humorista Renato Aragão, dando vida ao seu personagem Didi, que gostava de tratar aos outros trapalhões como "engenheiro", "doutor"...

Numa terra onde a inocência do desconhecimento se mistura ao medo de perder o pouco conquistado a duras penas, qualquer um bem vestido é sim doutor... Doutor de quê é que não entendo... É estranho, mas não é incoerente... Chamamos de doutor a qualquer um que tenha algum diploma, ou se diz ser, mas pela lógica, este título é dado para alguém que estudou e graduou-se em um curso acadêmico, diplomado, concebido por uma instituição de ensino universitário. Grau este que o intitula e o credencia ao trabalho criativo, de experiência, de pesquisa, dentre tantos outros... 

A alguns meses atras, o povo brasileiro se rebelou. (leia aqui) milhares de manifestantes foram as ruas pedindo mudanças na saúde, na educação, no transporte.... 

Não sou simpatizante do governo petista, mas confesso que a nossa Presidenta foi no mínimo sagaz. Numa situação eminente de caos urbano, praticamente uma guerra civil declarada entre mascarados, hipócritas, vândalos e aproveitadores e policiais que coerentemente cumpriram ordens de manter a segurança pública e inclusive da própria imprensa, Dilma foi rápida em responder e cumprir o prometido.

Ai estão os médicos que irão a onde nossos doutores não querem ir. Muitos deles com Doutorado!!!! Muitos deles, experientes em atendimento público em situações de confronto, fome e miséria. Alguns já aposentados em seus países, mas por amor a medicina, vontade de aprender e pelo novo desafio que os tornam mais apaixonados ainda pela carreira escolhida. Médicos que deixaram seus lares, família e costumes para atender àqueles que mais necessitam.

Suponho que chegaram ao Brasil conscientes do salário que irão receber. Creio que também estão muito seguros da necessidade de um atendimento com qualidade e maior humanização junto aos mais pobres e necessitados...

Estes médicos que estão chegando de tantos lugares diferentes, podem contribuir com tanto!

Medicina é uma das profissões mais dignas e que mais se aproxima de Deus. Portanto, doutores brasileiros, aproveitem a oportunidade e aprendam com eles a serem menos egocêntricos e gananciosos e mais humildes e generosos.

Dilma tirou o esparadrapo que cobria a ferida da Instituição Saúde, cabe a vocês fazerem o curativo.

Boa noite Doutor!


Créditos da Imagem: Internet.








quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Beijos no Coração

"Beijos no coração"....

Sempre que ouço essa frase vem a minha mente uma grande cirurgia.... Mas talvez seja isso mesmo né? 

Uma cirurgia na alma, para tocar o nosso íntimo e como um sopro suave, num beijo, o amor dizer: Estou aqui.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Desapego...


O que fazer quando o pensamento chega na fronteira do sentimento?
Pode uma pessoa viver plenamente o hoje com a alma repleta de passado?


Desapegar não é esquecer. Absolutamente!


Desapegar significa escolher, muitas vezes renunciar, aquilo que nos sobra, nos pesa, nos distrai do caminho certo. E na fronteira do sentimento, por melhor que sejam os apegos, talvez seja esta a hora certa de renunciar, ou quem sabe, escolher um novo caminho.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

GRATIDÃO




"A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna o que temos em suficiente e mais. Ela torna a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma refeição em um banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma visão para o amanhã."

(Melody Beattie)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Vida após 40.

Entrei naquela fase de ir ao médico a cada ano para fazer um check-up. Tudo bem, eu sei, temos que ir pelo menos uma vez ao ano mesmo, até ai nada demais... Mas que brasileiro faz isso sem ter necessariamente algum motivo, ir pelo simples fato de conferir todas as taxas de triglicérides, TSH e outras taxas que a gente nem desconfia que tem?

É, amigo, a vida após os quarenta não é tão charmosa como aparece nas novelas e comerciais... Muito trabalho, muitas responsabilidades e uma infinidade de cobranças que reforçam ainda mais nossas marcas no rosto. A vida parece ir dando um nó no tempo que segue implacável na contagem dos dias e a gente tenta entender tudo isso enquanto imprime, pacientemente, os resultados dos exames... A gente vai pensando no que poderia ter feito e não fez; nas escolhas postergadas em favor do reconhecimento no trabalho (se é que ele chegou) no empenho de anos em projetos que não deram certo, na super valorização do quintal do vizinho e não no nosso (sempre a grama do vizinho é mais verde, vai saber porque...), vamos chegando a conclusão que falhamos um bocado em nossas vidas, mas, vivemos intimamente ligados naquilo tudo que desejamos o tempo todo estar próximos; e talvez seja por isso que as quatro décadas tenham valido a pena.

Estou naquela fase de procurar diagnósticos para coisas que ficaram no compasso de espera, decisões que antes poderiam ficar para depois, hoje não podem mais esperar - Não posso omitir de mim mesma as minhas vontades ocultas, os meus sonhos e projetos de vida que de tão íntimos ficaram imersos no escuro do medo e do talvez. Agora é tudo ou nada, agora ou nunca, vai ou racha e seja o que Deus quiser. 

A impressão que eu tenho é que os próximos quarenta anos passarão rápidos demais, curtos demais e eu estarei talvez longe demais do que espero alcançar. O bom disso tudo é saber que nada será em vão, tudo pode ser bem vivido, aproveitado, apreendido... De alguma forma a vida deve ser assim pra todo mundo, não é mesmo? - Complexa. Incerta. Voraz.

Já não caibo mais nas roupas 38, meu manequim já algum tempo passou de P para M e sorrio satisfeita em saber que pelo menos a numeração do meu pé não mudou. Olho para o espelho e não me reconheço "senhora". - Uma adolescência tardia -  é essa impressão que tenho da vida após os quarenta, em que a gente não se localiza em nada, ama tudo que tem, viveu e sentiu, tem um apego enorme ao passado e as raízes, mas sente uma vontade enorme de viver, conhecer e se apaixonar perdidamente por novas idéias, coisas, lugares e valores.

Talvez eu inclua na minha lista de check-up uma passadinha ao psicólogo...Só para tomar um chá, jogar conversa fora e ter a consciência tranquila de que não me distraí demais nas escolhas.

Linda noite pessoal.