terça-feira, 22 de setembro de 2015

Marionete.

Recentemente, conversando com uma amiga, falamos da forma prática e quase mecânica como que os relacionamentos tem se tornado frios e muitas vezes, enigmáticos.

Pontuamos a dificuldade em que os homens e mulheres vem tendo para agradarem seus parceiros. E o quanto de tempo e energia é dispensada em situações em que um simples gesto espontâneo resolveria...

Sim, isso é coisa mais simples do mundo. Não precisa de muito. - Basta um elogio sincero, um sorriso nos lábios, abrir a porta do carro, surpreender com um telefonema fora de hora... Coisas que nesses tempos ditos modernos, quase não se vê mais.

O mais estranho é que esse embotamento afetivo vem se tornando tão usual que impressiona. Não só acontece em jovens que se perdem em redes sociais e escusos sites de relacionamentos, mas atingem também os que já passaram dos quarenta e tiveram uma juventude longe dos acordes tecnológicos atuais.

Mais tradicionais, seríamos nós, os quarentões, os que mais deveriam observar essa sutileza da modernidade. No entanto somos os que parecem não ver ou fingem não ver e sentir a necessidade de dar mais atenção e afeto a quem se encontra ao nosso lado. Relacionar parece ser uma coisa de outro mundo, uma dificuldade suprema, uma preguiça tediosa e insana de entender o outro, conhecer o outro, se ver no outro...

E vamos engessando nosso coração e mente como se fosse a dureza da cal, a certeza de nossa misericórdia afetiva.

Esse novo caminhar da sociedade, nos faz parecer como psicóticos sociais sem forças motrizes para mover-se em direção ao consciente. Vivemos assim, presos em seus espectros, sem conseguir sequer esboçar os sentimentos que possuímos.

Também, penso, se conseguem falar sobre eles (os sentimentos), não conseguem ir além disso... Se esforçam, mas como marionetes, estão presos nas densas cordas do destino.

Pobres brinquedos sem alma. Pensam que sabem demais. Mas nada sabem. Vivem por viver. Traçam rotas e planos achando que fazem por si, mas esquecem das cordas aos quais estão presos. Sonham voar alto feito pássaros que singram os céus, mas ao olharem para cima só veem as astes aos quais pertencem. Todo seu reino se traduzem em uma latente agonia...

Que destino cruel esse, ser boneco de cordas.

domingo, 6 de setembro de 2015

A Riqueza na Simplicidade...

Se tem uma coisa que admiro no ser humano é a sua essência... Admiro, porque a essência da pessoa nada tem a ver com a educação que foi dada, com o patrimônio adquirido, com o grau de influência que tem com esse ou aquele escalão elitista.

Nada se compara a pessoa que se destaca por seus bons argumentos, seu senso de humor aguçado, sua imprevisibilidade... 

Não tenho o hábito de repetir ou escrever "o que me contaram" mas recentemente deu-se um fato que muito me marcou, poderia ser apenas um inusitado "boa tarde!" se não me fizesse meditar profundamente sobre a natureza humana, seus egos e novamente a sua essência. 

O fato é que numa volta do trabalho para a casa, um amigo se encontrou em um semáforo, num dia de sol causticante. Ele, em seu carro importado, ar condicionado e boa música a servir-lhe de refúgio ao calor e tédio - foi abordado por um vendedor ambulante, desses que vendem balas... E sem o menor ar de confronto ou desrespeito, sorriu abertamente e disse: - " Ei cara, quando acabar me devolve o meu carro!"

Meu amigo, misto que surpreso e satisfeito com a coragem e com o bom humor do cidadão, ali, sob o sol de quase 32 graus, respondeu de pronto: - " Claro amigo, só tomei emprestado, terminando, te devolvo." 

Dito isso com o mesmo sorriso largo e doce com quem foi dirigido, meu amigo se lembrou que também nasceu pobre e que lutou muito para chegar onde chegou. O sorriso sincero e humilde deste vendedor, foi um brinde para este amigo que me contou esta história... Pobreza não mata ninguém. O trabalho, quando honesto, não mata ninguém, não é desonra e nem o torna menos nobre. Muito pelo contrario, mostra o lado honesto e simples de se viver. 

Há diversas maneiras de contar a mesma história. Este meu amigo, ao contá-la, trouxe-me as suas verdades, suas dores, não por ser rico e envergonhar-se de ter um padrão financeiro que nem eu mesma tenho. Mas por não se importar-se de ter a origem que tem, de se igualar em trabalho e humildade aquele ambulante... O respeito atravessa as classes trabalhadoras e os cargos aos quais ocupamos na sociedade. Pé no chão ou carro importado, somos todos seres humanos que se encontram aqui de passagem e cumprem cada um o seu destino, a sua etapa de evolução.

Ter posses e ser avarento é como ser pobre e comer pão duro.
Ser pobre e ficar feliz com uma refeição magra e compartilhada é porém, a mais honesta das bem aventuranças com o mundo. - O olhar sob o outro nos transforma se formos generosos com nossos iguais. Sem medo do que é espontâneo, do que é sincero. - Quem nos garante que este simples vendedor possa vir a ser o milionário de amanhã?

A riqueza é o nosso coração aberto em todos os momentos da vida. O dinheiro favorece sim, a construção de homens e mulheres mais preparados ao fazer o bem pela humanidade e por si mesmo. Caridade, trabalho, altruísmo e acima de tudo paz no coração, trazem consigo, sorrisos largos, muito largos, sejam sob o sol quente da tarde, ou sob o teto refrigerado de uma BMW.

Paz e Bem. Sempre!





segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Fronteiras...

No universo do ser humano existem muitas fronteiras. A do coração e a da razão são as que mais me instigam.

Tenho meditado nos caminhos que convergem ao limiar destas duas fronteiras. - Quando estamos naquela fase crítica em que ambas escolhas parecem certas, ou o medo de errar e se machucar nos manobra para caminhos frios e sabáticos da trilha racional... Temos, em diversos momentos da vida, frieza do caminho pragmático e acertivo. Focamos no alvo e vamos seguindo feito mochos em busca de aceitação. Somos cegos, surdos e mudos em viva voz a silenciar toda e qualquer fonte de sentimento e compaixão a nós mesmos. Sacrificamos o nosso essencial e devotamos aquilo que nos promove.

Natural. Somos humanos. Dependemos de nosso trabalho e escolhas feitas ao longo de nossa tragetória.

Mas a alegria de um monge que passou toda a sua vida em devoção e amor não é menos válida?

Penso...

Os caminhos turvos que a vida nos elege as vezes nos coloca frente a frente com a cerca do nosso vizinho racional ou devotadamente santo... Coração e razão tem lá seus limites e seus caprichos...
Flor de pântano também tem seus mistérios e seus atributos embora esteja enraizada em solo argiloso.
A vida que se segue sem prumo é a vida de liberdade ou de libertação? - vai depender da entrega, da valorização do caminho que se escolhe e da paisagem que se quer ver.

A pouco tempo estive no interior de meu estado, numa cidade simples de poucos habitantes...

A naturalidade que essa gente vive e transmite seus conhecimentos é absurdamente arrebatadora. Nos tira do solo do "acho e estou certo" e nos arremete ao encanto da simplicidade de viver a vida como ela foi dada, permitida... Não é que estão enraizados neste solo simplório e condenados a uma vida modesta... Nada disso. São homens e mulheres fortes. São como plantas epífitas, que vivem sobre outra planta sem sequer extrair uma gota da seiva delas... Vivem com orgulho da vida que levam, dos dias de sol e de chuva, das buscas que se traduzem em uma jornada de trabalho. Sabem do valor que têm - Como a pitaya "saborosa" planta que se encontra nas copas das árvores daquele lugar... Planta de fruto rico em nutrientes, com efeitos medicinais poderosos e que podem chegar a valores exorbitantes...

Os nossos valores dependem muito de nossas fronteiras.

Nossos valores dependem muito de nossas vaidades.

Contemplando nossas verdades vamos dando as cores certas para cada estágio que nos encontramos. Vemos as conquistas feitas e as condições que as tornaram fáceis ou difíceis... Olhando a vida como um todo, temos um panorama aberto feito paisagem que pode ser fria como um prédio sem alma, ou alegre e divertida como uma casa humilde e com uma família numerosa dentro...

Tem coisas e verdades que ninguém tira da gente... É como olhar para o céu azul e ver as nuvens passando devagar... Enxergar nelas a sua missão no mundo, ou, encontrar nelas a coragem para o novo desafio. 

A maior conquista que possamos conquistar, não está em nenhuma das duas fronteiras. - Reflito - Porque se observamos o limiar do coração, nosso sentimento nos levará a vaidade de acreditar que nada nos poderá atingir... Se seguimos observando o caminho reto da razão, tantos cálculos nos trarão a certeza que seguiremos sozinhos e no final, nada ou ninguém nos aguardará... E em ambos os casos, nossa vaidade estará impregnada em nós mesmos com a falsa impressão de felicidade e de maestria.

Se a felicidade for embora o que sobra? A tristeza de não se bastar sozinho ou a razão do "eu disse que era para não seguir este caminho"?

Se a coragem e a certeza for embora o que sobra? A revolta pelos resultados sem sucesso ou o ser humano que olha firme para o seu caminho com a certeza de tentar novamente...

Tão humano ser imperfeito!!! Tão genialmente humano poder explorar todos os caminhos que se abrem como leque mostrando uma infinidade de rotas para tantos destinos diferentes...

Tenho um sonho. Voar. Como os pássaros, como as folhas soltas que despencam de uma árvore outonal... Quero voar pelos céus e ver os caminhos abaixo de mim... sentir o cheiro dos ventos... o beijo doce da vida em meus pensamentos... Testemunhar, plena, o segredo da vida... o não limite de fronteira alguma.

A vida. Somente ela, tem o poder de limitar a sua essência. 
Pense nisso.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Da falta de coragem ao renascer...

Da falta de coragem...


E finalmente crio coragem para sentar e falar da falta que você me faz. Ouço as músicas que talvez você nem goste, caminho pela casa como uma sombra de meus pensamentos confusos e desconexos, nas mãos uma xícara de café e nos cabelos desgrenhados a história que não sai, mas que pulsa como minhas veias, explodindo na necessidade de sua presença.

Tento alcançar o fio que permeia a ilusão e a razão desta busca insana de mim em ti. Como explicar a falta que você faz em mim sem eu ao menos poder tê-lo?

Minha dor se fundamenta ainda mais nas canções de amor que estranhamente me tornam mais e mais ébria de tanta saudades... Outro café. Mais alguns passos, agora em direção a janela... sorrio para o vizinho que de longe me espia, vê meus pensamentos?... Subido, volto a peregrinação de meu desejo intenso de tocar o céu através de você, de ouvir a letra certa desta história que no silêncio de mim e de ti se inicia... Tudo é tão tenro que tenho receio de quebrar, como se quebra um cristal... Tão tenro e tão intenso... Como pode?

Outro gole de café e me lembro da janela aberta, volto para fechá-la, novamente o vizinho olha meio que hipnotizado, seria a música alta? - Assustada, olho-me de cima abaixo na incerteza de estar ao menos composta diante do quadro patético de minha presença sob olhar do vizinho. Fecho a janela com a força que explode de minha alma. 

Do renascer...

Daquilo, daquele ou de quem... A vida tem caminhos que a gente desconhece... Estranhamente, você pode passar a sua vida inteirinha na rotina dos dias e no cansaço do peso de uma relação acomodada no companheirismo e na amizade dos anos, sem notar que lá fora o mundo urge, frenético, sem tempo para seu passo arrastado... Estranhamente, você pode acordar numa manhã e perceber que tudo aquilo que você procurou uma vida inteira pode estar do outro lado de sua história, na contramão do seu destino, no olhar conservador e enigmático do tempo... Estranhamente, você pode começar a sentir falta de coisas que antes pareciam inimagináveis e passa a rever toda a sua trajetória e onde todos seus medos perdem força e todos seus argumentos passam a ser a sua única esperança de alguma lucidez...

Depois de algum tempo no ostracismo da dor ou da dúvida, na preservação dos afetos, no recuo estratégico dos sentimentos, a gente vai percebendo que ainda há lugar para a bondade, ainda há lugar para o calor, ainda que na frieza da vida encontremos inverdades e infelizes viventes, há algum resquício sim, de humanidade entre os homens... Renascemos como remanescentes de nós mesmos e vamos buscando novas formas de convívio, de amor e de zelo.

Renascer impacta. Domina. Transforma.
Não importa a idade que você tenha - é uma especie de acordar do mundo caótico de si mesmo para uma espécie de vida após a vida... Saímos ou caímos novamente no mundo das ilusões? - Não sei dizer... Mas no meu caso, já não me importa. Renasço e me sinto tão inteira e íntegra de mim que nenhuma canção de amor poderia contar minha história!

O tempo enquanto passa intrépido, deixa para nós como herança, as marcas de nossa trajetória. Nenhuma canção cantaria o suficiente o nosso início, meio e fim... As lutas, as marcas de dor e de saudade, as formas de amar que nem sempre valeram a pena, as horas de insônia e o belo ritual de enamorar-se, nenhuma música cantará o suficiente as horas insones, as rusgas e as voltas, as lágrimas e os sorrisos, não haverá nunca um só soneto que revele tão vivamente os versos que pulsam em nossas veias..

E que todos os versos de amor sejam também de coragem, porque renascer é para poucos. E coragem é para os fortes.

Boa noite pessoinhas!



domingo, 28 de junho de 2015

Almoço em família e a Japonesa...

Almoço em família.

Pense em uma família classe média, predominantemente feminina em um almoço de domingo... É assim que é a minha.

As tias vem chegando uma a uma trazendo pratos gostosos e casos relevantes ou não à mesa. As primas todas falando ao mesmo tempo, as bebidas sendo brindadas por tudo e por nada... os primos - minoria - meio que deixados de lado na varanda ou na sala de tevê, onde o futebol e os comentários sobre o jogo rolam solto, ora a favor ora contra... sabe-se lá.

O legal disso tudo é a leveza em que se fala de mil coisas ao mesmo tempo em um cenário tão comum para todos, como a cozinha da casa da gente... Eramos umas doze mulheres, acho, mas parecia um coro de mil vozes, mil sorrisos, mil conversas... todas elas falando ao mesmo tempo e sendo compreendidas!!! Até que surge o assunto da Japonesa.

Silencio.

Risos... Gargalhadas... Mil risos enlouquecedoramente femininos...

Mulheres são mesmo de enlouquecer qualquer homem quando estão reunidas matraqueando coisas muitas vezes sem explicação para eles. Foi o que aconteceu quando surgiu o assunto da bendita japonesa.

Imagine uma mulher pequenina no tamanho, pele delicadamente maquiada em cima de um salto altíssimo que a faz crescer pelo menos uns 20cm - Imagine essa mesma mulher, todas as manhãs fazer o mesmo trajeto de pegar um ônibus na rodoviária da pequena e aconchegante cidade do interior  para a capital mineira... Todas manhãs encontra os mesmos camelôs vendendo badulaques e as mais diversas miudezas, até que um dia, um deles corre atrás dessa pequena mulher falando baixinho:
- Olha, eu tenho a japonesa, vai querer uma?
A japonesa, a japonesa, olha a japonesa!!!!

Mas que raio de japonesa seria essa? pensou: - Será que ele está pensando que sou travesti? - Indagou para si mesma, tentando desvencilhar, apressada daquele constrangedor assedio.

Na volta do trabalho, ao comentar com o marido, descobre, abismada, que a "tal japonesa" é de fato, uma pomadinha indiscreta que auxilia nos momentos mais discretos. - Sorri satisfeita. Ah! camelô safadinho, responde para si mesma. - Ainda não tô precisando disso não, obrigada!

Taí o motivo de tanto alvoroço feminino.

domingo, 14 de junho de 2015

Essencial SER ou Ser essencial?

"Quando as diretrizes do cotidiano deixam mais marcas em nossa essência que a nossa própria personalidade..."


Sempre considerei ser um ser consciente de minhas responsabilidades. Ao longo da trajetória da vida a gente vai recolhendo as informações e vivências do que interessa, colocando na bagagem e tirando outras tantas que já não importam tanto.

O caminhar consciente me faz observar o meu próximo e suas buscas imediatas. Mas imediatas mesmo, no sentido exato da palavra. Isso porque muitas vezes são as diretrizes do cotidiano que os fazem reagir as adversidades pelo instinto de sobrevivência. São esses confusos caminhos de ilusão que ofuscam a real necessidade de cada um e deixam marcas profundas nas essências dessas pessoas.

Me pergunto diariamente qual é o meu papel neste caminho que hora passo -  já que a evolução espiritual de cada um é uma experiência única e rica em detalhes. Cada qual buscando seu patamar de aceitação e entendimento diante das provas dadas - Tenho me permitido ser autêntica com cada um deles, não importa qual seja a circunstância; me emociono, retraio, sorrio conforme a sequência dos fatos que se seguem tal qual cinema mudo de Chaplin. - Mas não ignoro. - Meu aparente marasmo é uma espécie de catarse para não me deixar seduzir pelas distrações que me afastam ainda mais de minha jornada. Acho que como eu, muitos seguem assim seu dia a dia.... Em catarse constante.

Busco a minha identidade, meu referencial de SER gente no meio de uma multidão de pares. Deixando de viver por "convenção" e conveniência para viver pelo prazer de estar em total unicidade com Deus e com paciência buscando entender o que ele quer em minha vida "conforme sua vontade".

O trabalho assim sendo, passa ser um objeto de vida em comum com Deus e não um meio como a maioria das pessoas assim o sentem. Trabalham para adquirir algo ou um bem material como se a realidade de seus olhos assim os bastassem. A ilusão que confunde e cega pode assim mascarar a real vontade divina? - Não sei.

Creio que ter uma competência nos transforma, nos faz fortes, nos deixa capazes de olhar para o outro com amor profundo e respeito inimaginável diante de suas dificuldades.  - Como não ajudá-lo a superar suas dificuldades sendo eu também falho em outras tantas esferas? - Você pode simplesmente seguir em frente como o rio que corre, mas sempre precisará da margem que o contorna, sempre precisará dos amigos, parentes e colegas de trabalho, por mais humilde que eles sejam e por maior que seja seu cargo.

Cheguei a conclusão que por maiores ou mais singelas que sejam nossas escolhas, temos muito que trabalhar por elas e em prol delas... Seja no nosso lado mais humano, seja pela liberdade das ilusões. A vontade de Deus em nossa vida é de que sejamos sempre vencedores, ainda que as adversidades venham, sejamos vencedores, altivos e com uma visão ampla do porvir de cada passo dado.

Missão alcançada é missão cumprida, mas missão cumprida nem sempre quer dizer meta alcançada. Resultados nem sempre espelham o aprendizado. E entre a reta e a chegada temos ainda muito a caminhar... Sigamos em frente, e como dizia meu nobre amigo Hadesh Sobral:  "- Sigamos de mãos dadas."

Muita paz no caminho de cada um de nós.
Paz e Bem.

domingo, 10 de maio de 2015

Um ser - Mãe.

Reminiscencias de cada uma delas...

Perdi minha mãe muito cedo. E para dizer a verdade, naquele tempo a gente era tão inocente que o impacto da morte não era o fim de mundo quando se tinha entre sete a oito anos. Era como uma viagem para longe sem data marcada para voltar. O complicado era assimilar aquele choro todo, abraços apertados e as frases do tipo: "coitadinhos, perderam a mãe tão cedo!" - Aos sete ou oito anos em qualquer época da história da humanidade, seja quem for, será criança. E eu era uma!

Cresci sob a tutela de minha avó paterna e o olhar rigoroso de minha tia. A casa se transformara em uma sucursal da "Família Oliveira" - brigas de família, filho respondão, neto preguiçoso... de tudo e mais um pouco aparecia lá em casa, sempre aos domingos, quando a mesa farta e o olhar generoso de minha avó martelava as sentenças conciliatórias de cada processo familiar.

O tempo e suas mazelas levaram minha avó para o outro plano. Restaram-me, meu pai, minha tia e meus irmãos... A casa jã não era mais a mesma nos almoços de domingo. Começamos a fazer meio que um rodízio de almoços em família em cada final de semana, na casa de uma tia... Era divertido.

Novamente o tempo e suas estações - Minha tia foi buscar seu espaço e construir seu mundo, seu lar. Foi doído, foi sofrido, foi um longo aprendizado.

Crescer sem mãe faz a gente entender o mundo de uma forma bem diferente. A gente observa as pessoas em sua pluralidade. De forma menos egoísta, mais espontânea, sem muita frescura. - Assim, fui adotando as mães de amigas minhas como mães também, isso aconteceu com a mãe da Ana Carolina lá na adolescência, com a mãe da Eloísa na juventude, com a mãe do Igor já na maturidade e todas as tias eram "meio mães" que até hoje, tantos anos depois, ainda as tenho como se assim fosse.

Mas, embora tenha uma gratidão imensa pela generosidade de cada uma delas. Minha gratidão por esse "Ser Mãe" não se iguala ao ser humano especial de três grandes mulheres: 

Dona Ormy, minha mãe biológica, que embora tenha ficado pouco tempo conosco neste mundo, teve o cuidado de deixar plantado em cada coração da família a sua essência, o seu caráter forte, sua postura sempre na vanguarda do seu tempo, refletiu-se em cada filho, de certa forma somos muito do que ela deixou plantado aqui - fomos colhendo seus frutos nas lembranças de cada tia sobre como ela era. Desta forma, acho que embora não houvessem mais fotos dela em nossa casa, havia o respeito, a admiração pelo "Ser Mãe" que ela deixou pra gente. 

Dona Josina, minha avó paterna, doce feito um quindim. Pequenina, mãos ágeis no crochetear de joguinhos de penteadeira e cozinha... olhinhos verdes que viam o mundo além de seus parcos conhecimentos, coração generoso que acolhia com profundo amor essa família cheia de nuances. 

E em terceiro lugar, mas não menos importante, aquela que veio por necessidade, por vontade divina, por amor ao seu irmão - Minha tia, Lila, dindinha de todos os sobrinhos, na época em que tudo aconteceu, era para meus olhos infantis, parecia-me muito austera, quase uma dama inglesa, hoje sei que foi seu escudo de força, a forma que teve de se proteger das armadilhas do mundo. Sua força foi nosso escudo perante as maldades alheias. Seu olhar, muitas vezes endurecidos, sua tez quase sempre franzida, era a vontade de acertar em nos tornar gente de bem.

Dindinha mesmo é dona Marlene. Coração maior que o mundo. Não consigo falar sobre ela sem me emocionar profundamente... Não há explicação para este amor que vai além do eu consiga definir... Todas as vezes que a vejo, ou conversamos por telefone, repito: - Sou muito grata a minha mãe por ter me dado a senhora como minha madrinha. Tia Marlene é isso. Amor de gratidão, amor de bondade, amor de semeadura.... Amor que renova, multiplica, se expande com o passar dos anos, como perfume que vai saindo devagarinho do frasco bem guardado.

Recentemente, ganhei um irmão de alma. A vida é assim. Quando menos a gente espera ela nos presenteia. Igor chegou em minha vida, agregando mais sensibilidade, força, luz e companheirismo em meus dias... Trocamos ideias, nos afogamos em lágrimas de saudades, brindamos natais e anos novos á distancia através da webcam e graças a internet - contamos os dias para o reencontro e por tantos outros motivos sou e serei eternamente grata a minha outra mãe... Minha mãe Eunice... Não a conheci, não deu tempo... Mas lá no meu íntimo, tenho a certeza que já nos conhecemos através do relógio do tempo que muda as horas do encontro e antecipa ou atrasa nosso próximo destino.

Se existe um coração grato a Deus por tantas mães, este é o meu. Perdi minha mãe cedo, mas de tantas mães que adotei como minhas, aprendi a olhar para o mundo e para as pessoas com olhar de compaixão e agradecimento... Sou um ser que aprendeu que não faz falta o "não ter" mãe quando se tem um pouquinho de cada mãe que o mundo pode me dar. Não me fiz de vítima, como esperavam... Não sou e nunca fui a coitadinha que perdeu a mãe cedo demais... Ela não se foi. Sempre esteve aqui, perto de mim, no coração, no meu olhar, no meu mundo mais íntimo, nas minhas preces... É a mão consoladora que veio em forma de tantas outra mães ao longo do tempo...  E desta forma posso dizer: Sou uma filha afortunada.

Feliz dia das Mães. 

Para todas as mães que passaram por minha vida meu coração agradecido.




segunda-feira, 27 de abril de 2015

Meu Olhar no seu Olhar... Reverberando o Amor

 Carol Oliveira - Um sublime encontro.

Enquanto vamos vivenciando experiências "do lado de fora" de nossas mentes, tudo vai girar em torno do ego e seus desejos... Mas quando aflora o "lado de dentro" das pessoas, a gente só enxerga o bem e no que há de melhor no ser humano. Vamos então buscando resoluções íntimas, de mãos dadas com as resoluções do Mais Alto.

E assim, em pequenas mudanças, pequenos gestos, Deus vai se mostrando presente e nem notamos. Perdemos a oportunidade de agradecer a Ele por tantas coisas, como pelo simples fato de estarmos vivos e podermos encontrar pessoas especiais.  

Hoje, conheci Carol Oliveira e me vi completamente desnuda diante de um olhar de puro amor e bondade. Um olhar totalmente voltado para o bem, um olhar que nos tira todas as amarras e inquietações trazidas pelo ego e nos trás de volta a serenidade, a calma perdida nos desafios do dia a dia... 

Sem ressalvas, me senti intensa como nunca tinha sentido através de um único gesto... Vê-la chegar com um sorriso largo e os braços abertos para um abraço apertado, sincero e  receptivo era a certeza da prova mais concreta - Me senti tão comovida e ao mesmo tempo tão plena da consciência de que ... Era como se Deus estivesse Todo lá naquele olhar, naquele abraço... Intimamente, era como se em seu sorriso me dissesse: - Seja feita a vontade de Deus, perante minhas provas. - Mas Deus já estava lá, com ela e ela nem sabia!!!

Quando pensamos no bem e o "bem" vira uma atitude, é como uma onda que se propaga ao se lançar uma pedra no lago... Tudo se amplia de tal forma que contagia. E mesmo que nossa onda seja uma das primeiras e a gente não veja o que vá acontecer adiante, temos a sensação do "pertencer" a algo maior... É dessa grandiosidade que falo, dessa entrega suprema de amor ao próximo que permite dar ao outro tudo aquilo que ela tem de melhor, num simples gesto - Um abraço.

Voltei para casa, meditando sobre isso e na certeza de que nada nesse mundo é por acaso. Na beleza que é refletir-se em algo tão cristalino como o sorriso fraterno e no olhar de profunda gratidão e respeito para com o próximo.

Independente desta ou daquela circunstância. Desta ou daquela religião, todos nós estamos aqui para provas e mais provas. Viver é um constante aprendizado e uma constante prova. Se vivemos de forma superficial, seremos convidados a conhecer apenas a superfície das pessoas e de nós mesmos. Se aprofundamos nossa consciência no "ser" que nos habita, vemos a essência, a alma das pessoas, conseguimos transpor as adversidades com a certeza de que não estamos sós.

Pessoas como a Carol, a gente percebe que Deus se esconde nelas... Se esconde e se mostra. No sorriso que nos deixa em êxtase, na alegria de viver, no desejo sincero de transformar as duras provas em suaves caminhos para os que virão... Saber que  Deus nos reserva amigos e ombros que nos apoiam nos momentos difíceis, olhares caridosos que nos sustentam ante a dor, flores perfumadas que nos chegam em mãos amorosas e santificadoras na hora do sublime encontro, é benção para uma vida toda.

E hoje eu me sinto abençoada.

" De todas alegrias que tive,nenhuma delas se comparou ao dia de hoje... Hoje conheci Carol Oliveira e seu sorriso doce, seu olhar de puro amor pela vida e pelo ser humano. Carol é uma dessas pessoas que a gente quer ficar por perto e ouvir tudo que ela tem pra dizer... Quer beber na fonte, sabe? Quer respirar a paz e a ternura de seu jeitinho suave e ao mesmo tempo seguro e sereno... Meu melhor presente de uma vida inteira foi você quem me deu Carol, em seu abraço... Obrigada, do fundo do meu coração, por esse momento. Tenha em mim uma amiga, dessas, que se Deus quiser, será, pra vida toda."

domingo, 12 de abril de 2015

Quando a gente percebe que vale a pena celebrar o amor.


"Quando celebrar o amor se torna algo sublime a ponto de comover profundamente, penso eu que é porque o casal está no caminho certo... 

Acredito que amar é muito mais que escolher o parceiro de uma jornada, é compreender que dentre todos os motivos para escolher outros caminhos, foi justamente por ele estar nesta trilha que você também escolheu para caminhar, com e por ele, com todas suas imperfeições e seus medos. Com todas suas dificuldades e alegrias... Tudo o torna edificante... Tudo faz valer a pena.

 Foi suave, gratificante, comovente mesmo, celebrar o amor de vocês... Amei tudo. Amei estar ali naquele momento único. Obrigada. Felicidades... Sempre e para sempre o amor. "

Claudinha.

Para Robson e Silvia.

sábado, 4 de abril de 2015

Olhares.

A vida é feita de olhares. Olhares que nos prendem ao mundo, as pessoas e ao que verdadeiramente nos interessam. Não vemos, embora temos a percepção de - não vemos aquilo que não nos interessa ou que não nos convém. Se comove, vemos. Se o coração salta aos olhos, vemos. Se o coração aperta e a voz embarga, vemos... Mas será que vemos tudo mesmo?

Gosto de ver o sorriso nos olhos das pessoas naquele momento que a gente percebe que não precisa de muita coisa pra ser feliz. Ou, ver a simplicidade daqueles que tem muito e se sentam ao lado de quem nada tem com tanta simplicidade que a gente nem percebe que esta pessoa é assim, tão importante...

O olhar pela generosidade humana é o que mais me tem atraído nos últimos meses. Os pequenos gestos que a alma percebe e só quem tem um coração imenso e cheio de brandura consegue ver... Assim como o Pequeno Príncipe de Exupéry que encontrou em sua rosa uma jornada de uma vida inteira, a generosidade se expande e transforma a vida das pessoas que estão ao redor.

Tenho meditado com muito zelo e carinho neste universo em particular, onde ainda que tenhamos nossas falhas, nossos apegos, nossos desafios, em algum momento a dor do outro passa a ser a nossa, e neste momento a sensação, o sentimento, a energia é muito maior que todo ou qualquer tipo de bem material ou apego... Está acima de nosso ego, está preso no olhar do outro que chora ou desnuda sua alma, esse olhar que transforma o mundo, o universo particular é imensamente belo, imensamente humano e de tão simples e singelo se torna quase angelical.

A generosidade é para mim um dos exemplos mais bonitos e edificantes que conheço. Ela é abrangente, é acolhedora e acima de tudo é silenciosa - É como  amar em silêncio, em segredo, é como pétala que dança solta ao vento sob a proteção quase paternal desses olhares de querer bem. Se hoje sou forte é porque o vento soprou com muita força nesses últimos tempos e me moldou de alguma maneira... É como se em meu coração algo se fortalecesse mesmo sendo frágil. É como se a brisa que é leve esquecesse de como soprar e mesmo assim, moldada na rudeza do vento, eu pudesse ser eu mesma em todas as direções que a vida me levar.

Muito obrigada a esses olhares que me acompanham.

Linda noite pessoal.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

E que venha 2015

E mais um novo ano chega, cheio de promessas e desejos felizes... Com taças nas mãos brindamos o novo com o auguro bom de quem chega a nos visitar... Sorriso aberto, coração aos saltos uma vontade e-nor-me de que tudo dê certo no transcorrer de infindáveis trezentos e sessenta e cinco dias.

Dentre os inúmeros projetos que sempre faço (é bem verdade que nem todos são realizados) sempre me proponho a ser mais segura de mim, mais confiante diante da vida e seus obstáculos.

Já não me proponho mais a juntar dinheiro porque definitivamente não sou uma pessoa que guarda... Mas me propus a viajar mais, rever amigos que ficaram esquecidos ao longo do tempo... Rever alguns conceitos e valores que já não estão dando tão certo. Reafirmar laços de amor fraterno, reavivar outros... A vida urge e vai me cobrar no dia 31 de dezembro deste novo ano tudo que fiz a partir daqui.

Decidi não demorar tanto para me convencer que a vida aos 40 e alguns é boa...Claro que é! E pouco vou me importar se disserem algo contra a minha maturidade. Assumir essa postura me tornou mais forte e confiante em 2014 portanto, vou seguir em frente nisso.

Também pretendo ter mais tempo para meu livro, ter mais tempo para brindar os dias de domingo, ter mais tempo para os sobrinhos e as crianças de um projeto voluntário que amo participar.

Essas são as minhas resoluções para 2015. E quais são as suas?

Beijinhos. Cau