terça-feira, 18 de junho de 2013

Quando a Jiripoca Pia... Sobre a manifestação brasileira nas ruas

Um dos movimentos populares mais bonitos que eu pude vivenciar foi o do fim da ditadura e início da democracia brasileira. Onde o povo foi as ruas de forma pacífica em busca de sua identidade e de ser ouvido pelas governanças regentes em seus estados e também pelo poder civil. Foi o povo que levou Tancredo Neves a presidência da república e infelizmente, não tivemos tempo de aprender com ele o REAL VALOR DE SERMOS DEMOCRATAS.

Anos depois, outro ato de civismo - O Impeachment de Collor, então Presidente da República, e até então, sendo ele o presidente mais votado em nossa recente história de democracia.

De forma clara, bonita, saudável e de grande vigor cívico, o povo demonstrou claramente sua insatisfação e foi as ruas, cantando o hino nacional, apitando e dizendo ao mundo o que podia fazer, sem armas, mas com o uso correto das leis em vigor. O processo de cassação do mandato de Collor foi para mim um dos momentos mais íntegros e dignos de um cidadão que elege e também tira do poder público aquele ao qual lhe representa.

Foi lindo demonstrar ao mundo o que em tão pouco tempo de liberdade era possível fazer.

Hoje vejo o povo indo as ruas, aproveitando o Evento da Copa das Confederações (que precede a Copa do Mundo) o quanto estamos insatisfeitos... O que estranho muito é que quando o Brasil se candidatou e ganhou o sorteio, todos aplaudiram, todos foram as ruas e praças agradecidos pela oportunidade de mostrar nosso país de cartão postal aos estrangeiros.

Mas todo mundo sempre soube que as obras faraônicas que estão sendo feitas seriam superfaturadas e corrompidas pelas inúmeras licitações.... Com toda certeza é justo mostrar nossa insatisfação diante das câmeras do mundo, mais ainda quando esta indignação é compartilhada com povos de outros países que também tem clara insatisfação contra os seus governos... É justo que de forma democrática se mobilize e demonstre o que vai além do aumento de uma tarifa de R$3,20.

No entanto, aproveitar-se de um evento de forma intencional para com gestos de vandalismo quebrar ônibus, banco, danificar patrimônio público, criar motins.... É outra história, meus camaradas. Manifestações deste tipo me faz lembrar o tempo das barbáries, dos campos de fuzilamentos, de inúmeros desabrigados pela quebra da bolsa de NY em 1029 (e me pergunto se metade daqueles jovens estudantes sabem o que ocorreu em todo o mundo em 29)

Dói saber que meu povo não tem boas escolas. Que nossos professores trabalham em 3 turnos para conseguirem ter um pouco de dignidade; que as escolas rurais são tão capengas e desprovidas de livros enquanto milhares de livros doados pelos governos estaduais, municipais e federal são jogados fora em lixões....

Dói saber que para cada mãe com dois, três, quatro filhos na escola há também uma bolsa auxílio que a inibe de trabalhar e ganhar honestamente seu sustento. E de bolsa escola, bolsa leite, bolsa gás, as crianças ficam nos faróis a vender doces...

Dói saber que milhares de jovens vão para as Universidades sem saber direito como se construiu a História de seu país. Jovens estes que de tão certinhos e responsáveis, vendem e consomem drogas e muitas vezes morrem antes mesmo de terminar o curso superior.

Eu entro em pânico toda vez que vejo na tevê os noticiários. Eu me sinto fraca diante destas manifestações agressivas e de profundo cunho político e sindical.

A polícia revida o que é iniciado pelos manifestantes. Ordem e Progresso é para todos, mas neste caso - Mais ordem porque o progresso depende muito mais de sensatez e renovação de atitudes. Atitudes que cada um de nós tem que ter diante das urnas, ou, nas ruas, como uma manifestação da vontade una de um povo que um dia soube que esperar não é fazer.

Não se pode esperar progresso de um povo que danifica o pouco que tem, que pratica arruaça, que maltrata seu semelhante por homofobia, que trafica e leva armas para dentro de uma escola...

O governo tem culpa, mas você também tem. Pense nisto.

Muda Brasil. Mas mude também este povo de mentalidade anárquica e que venha bons ventos.

Cláudia Márcia de Oliveira.

Créditos da imagem: Internet.

"Não possuo a beleza da perfeição, a força da sabedoria, o olhar vasto do conhecimento. Apenas possuo o suave sussurro... da esperança." - Joan Walsh Anglund

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Aquele Instante da Foto.

Gosto de fotos inusitadas, destas que a gente fica viajando na situação, no clima que influenciou aquela atitude ou pose.... Mas o que mais gosto nas fotos é a sua autenticidade, sua forma simples de dizer ao mundo que aquele momento ficou marcado. O riso espontâneo, a expressão séria ou o contido jeito de mostrar-se pelo olhar.

Fotos sempre marcam um momento e uma energia. Por isso nem sempre gosto de posar para fotos sorrindo, por que nem sempre a minha alma assim está. Ela pode estar em uma perfeita escuridão num dia ensolarado em um lugar magnífico. Minha alma requer palavras de contentamento, anseia muito mais por isso do que o riso forçado a amarelar numa foto sem vida.

Pode parecer difícil compreender, e de fato assim o é - mas tudo que eu quero ao retratar uma foto é o seu melhor dentro da beleza que se apresenta naquele instante. E a beleza pode ser séria, ousada, sexy, de perfil ou de olhos baixos...

 Em tudo ou em todos os lugares em que esteja meu foco, meu olhar, que tudo faça sentido naquele instante é perfeito e belo porque assim se apresenta em seu todo. A dor é bela porque ela assim se mostra em seu todo e em seu todo é real e única. A velhice é bela, porque em cada ruga há uma vida contida em seu traço e cada traço faz parte de um todo que também é único... Tudo é especial ao olhar de quem vê a vida em sua plenitude.

Ao traduzir a luz daquele olhar mágico para um momento especial a ser eternizado em uma foto, vejo minha escuridão íntima, minha película a ser revelada, e aquilo que não se pode ver passa a ser real, definido e como um raio de sol que rompe a vidraça da janela vai formando um fio de luz e mostrando pequenas partículas de pó...E elas dançam!

A escuridão interior da gente deveria dançar no escuro de nossas almas. Deveria ser como os amantes que dançam com os olhos fechados ao som do pulsar de seu coração. E assim, ao ser preso em uma foto nosso momento seria aquele de olhos fechados e coração aos saltos. Numa explosão intensa e inebriante, avassaladora e profunda de nossos sonhos, desejos e verdades. E nossas verdades nem sempre estão preparadas, prontas para a melhor foto. Pode estar de olhos arregalados, marejados, expressão assustada, séria ou com aquele olhar indecifrável e doce.

Gosto de tirar fotos. Mas gosto muito mais de ver que nelas há um pouco de mim e do que sou. Gosto muito de tirar fotos de lugares, coisas e pessoas que amo, mas gosto muito mais de estar em paz comigo, em minha escuridão interior dançando! Deixando minha alma expressar o que não se define, mas se revela em todos lugares, em todas as formas e acima de tudo. Em tudo.

Linda noite.