domingo, 13 de outubro de 2013

No trajeto da segunda-feira, é a vida que segue na rotina das manhãs.

A segunda-feira chega com a rotina das cinco e meia... Em sessenta minutos, todo um ritual que vai do despertar até chegar ao ponto de ônibus, se transforma em uma complexa e maquinal corrida contra o tempo... 

O tempo que passa inexorável e sem pudor algum vai explorando de mim as mais tênues energias. A maquiagem me faz mais agradável que o humor e o ônibus cheio com o trajeto longo já não me incomoda tanto... 

Com o tempo, passei a observar as pessoas que usam este serviço público todas as manhãs e as carinhas conhecidas vão se mostrando como são em seu dia a dia. Uns oferecem-se para segurar a bolsa pesada, outros sedem o lugar, alguns fingem que dormem, tem aqueles que ficam em pé na frente das cadeiras de pessoas que vão descer bem antes (na esperança de sentar logo após) e as garotas "bonitas" que continuam a maquiar-se olhando o espelhinho do celular, mas quase 90% de todos eles usam os fones de ouvido e se comunicam, quando sentados, em suas redes sociais.

A cinco e meia da manhã dá para sentir muita coisa, sentir e ver.

Dá para sentir, ainda, o cheiro do orvalho que caiu na madrugada, o vento frio e úmido que ainda permanece outonal embora estejamos na primavera, dá para ouvir o gorjear da sabiá solitária e sentir o aroma do café vindo da máquina expresso... Tenho tido a oportunidade de ver alguns amanheceres lindos vindos lá pelos lados da Serra da Piedade (é uma pena os prédios invadirem a minha vista panorâmica!) e os raios vermelhos alaranjados saindo das nuvens desmaiadas de sono.

Seguindo o meu trajeto rotineiro, tenho observado as flores de ipê ao longo de meu caminho... amarelos, lilases, rosas e brancos... todos eles cobrindo o chão em um tapete colorido de flores, me pergunto como tanta simplicidade pode despertar o melhor em mim e talvez em tantas pessoas que, como eu, vê a vida acontecer pela janela...

Recentemente li em algum lugar que o ser humano é uma raça estranha, que se acostumou a viver em uma caixa... Mora em uma caixa, locomove-se em uma caixa e trabalha em uma caixa. Passa grande parte de suas horas de lazer em caixas como cinemas e shoppings e com o tempo foi se esquecendo da amplidão e do prazer em ser livre, em ser solto... Concordo com quem escreveu isso. Esquecemos de sermos livres, desaprendemos a voar, e se pudéssemos voar com o pensamento quando éramos crianças, talvez nunca mais quiséssemos voltar a racionalidade dos quatro cantos, no vazio das janelas que nos mostram tanto e que nossa cegueira nos condena a não enxergar.

Estou incluindo no meu ritual de sessenta minutos a retidão dos pensamentos... Uma forma de melhorar meu humor e reconduzir minha espiritualidade ao melhor de mim. Talvez seja por isso que as vezes Deus me mostre alguns sinais como uma forma de desejar bom dia: como aqueles beija-flores que ficaram cantando no fio de luz enquanto eu esperava uma carona, ou, o pequeno gavião que elegantemente pousou no último andar do prédio residencial no centro da cidade...

No trajeto da segunda-feira, é a vida que segue na rotina das manhãs... O tempo é só o fio condutor deste estranho ofício de acordar, trabalhar e viver dentro de uma caixa.

Boa semana a todos.

Crédito da imagem: internet

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