domingo, 7 de dezembro de 2014

Enquanto o Cão ladra a Caravana passa.

A alma perdida do ser humano é bem parecida com a noite escura.

Tem assombros de medo, tem assombros de dar medo!

Estou convicta de que certas reações emotivas são assombros desta escuridão que a gente não vê mas sabe que existe. Este véu negro que nos aproxima cada vez mais do perigo sem ao menos nos dar conta. 

Tive sorte, muita sorte, das luzes se ascenderem assim que o alarme disparou (instinto?) e pude correr a tempo de não me machucar demais. Mas dá dó ver tal qual bicho a espreita de dar um bote, uma alma perdida, vagando nas sombras de si mesmo, buscando em restos de uma vida sem sentido, os holofotes que o escraviza.

Gosto de ver o brilho das pessoas pelo olhar. Acariciar o ser que habita além de seus corpos, ver a criança que brinca dentro de si e que cintila, exalta luz... Tenho medo da noite dos homens, de seus bichos soltos e do coração turvo deles...

Sempre fui um ser medroso, mas não me acovardo. Sigo minha trilha, seja ela escura, clara ou assombreada  - dias de sol e de chuva sempre existirão e as noites também. Sou grata aos amigos e pessoas que me ajudam a seguir em frente e me dão segurança diante de meus medos.

Meu desafio não está sendo seguir a trilha, mas ficar longe desta onça que cutuquei com vara curta; se dou "pernas pra que te quero", se passo "sebo nas canelas", como ficarão as pessoas que seguirão após a mim? - Não posso me acovardar, mas também não posso deixar de me proteger.

De todas as noites escuras e sombrias, esta não me apavora porque a chama da claridade se fez compartilhada - amigos, parentes, pessoas distantes e incomuns se uniram com sua claridade espontânea, com seu brilho interior - Nesta noite escura que parece não ter fim, chove. E eu fico daqui do meu cantinho, pensando: - Enquanto o cão ladra, não é que a caravana passa???

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