segunda-feira, 11 de junho de 2012

Eu pedi um Antônio, o Santo.

Ontem eu pedi um Santo Antônio aos amigos... na esperança e fé que um dia encontrarei alguém que me ame assim como sou, defeituosa que sou,  com meus jeitos, maneiras, encantos e temperamentos exaltados... Poderia ser um Santo Antônio de madeira, barro, gesso... poderia ser dado, doado, emprestado... Nem me importo se ele já tivesse sido cozinhado no feijão, dormido de cabeça pra baixo amarrado aos pés da cama, afogado, enterrado, amordaçado... 

Não vou judiar dele...  porque a vida de Santo também não deve ser das mais fáceis... e nestes dias casadoiros, deve ser sim muito sacrificante ser tão cobiçado e alvejado.

E eu que achava que mártir mesmo era o São Sebastião com todas aquelas flechas... Ah! Santo Antônio é bem mais... segue sua sina de ano após ano ser lembrado e judiado...

Tenho fé que entre tantos desencantos, um encanto, como um último suspiro de primavera venha-me sorrir... assim como as doces margaridas que vejo em minha mente... brancas e alvas, numa delicadeza quase subliminar entre o viver e o enaltecer o eterno... deve ser assim, eu acho... talvez virá em mãos cansadas de tantos erros, entre lágrimas de agradecimento, talvez embrulhado em um papel pardo, ou num jornal de ontem, sem muitos recatos... Talvez a imagem venha em mãos que guardam, embalam, sonham e em prece oram por mim... Tenho fé. Sim! Que entre flores alvas e singelas, no barro de que vim e sou, na dureza opaca da madeira, na fragilidade dos meus sonhos de cal, venha... Venha assim meu santinho, simples e querido ajudar-me a ter paciência em saber esperar, ou nada esperar, ou simplesmente ser o que sou e atravessar o mar dos dias.

Despido das suas insignias de seus mantos e vestes... Nu perante o mundo que o julga e o condena, eis o homem Santo... O Antônio. De cabeça para baixo, afogado, torturado, caluniado por escolhas infelizes... E desejado, ano após ano a este martírio e sofrimento... Antônio, o sofredor,  nas mãos dos amantes desesperados, o fiel consolador dos infortúnios dos corações confusos e chorosos, o triste sonhador que talvez, se pudesse, por um momento, seria feliz para sempre.

Segunda-feira, véspera do dia dos namorados...
Maria Callas nunca me fez tão bem.

Casillero Del Diablo Reserva Privada (Concha y Toro)
País: Chile (Pirque, Vale Do Maipo – Peumo, Vale Do Rapel) 
Safra: 2005
Turandot - In Questa  Reggia - Giacommo Puccini Arias



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