quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Vida após 40.

Entrei naquela fase de ir ao médico a cada ano para fazer um check-up. Tudo bem, eu sei, temos que ir pelo menos uma vez ao ano mesmo, até ai nada demais... Mas que brasileiro faz isso sem ter necessariamente algum motivo, ir pelo simples fato de conferir todas as taxas de triglicérides, TSH e outras taxas que a gente nem desconfia que tem?

É, amigo, a vida após os quarenta não é tão charmosa como aparece nas novelas e comerciais... Muito trabalho, muitas responsabilidades e uma infinidade de cobranças que reforçam ainda mais nossas marcas no rosto. A vida parece ir dando um nó no tempo que segue implacável na contagem dos dias e a gente tenta entender tudo isso enquanto imprime, pacientemente, os resultados dos exames... A gente vai pensando no que poderia ter feito e não fez; nas escolhas postergadas em favor do reconhecimento no trabalho (se é que ele chegou) no empenho de anos em projetos que não deram certo, na super valorização do quintal do vizinho e não no nosso (sempre a grama do vizinho é mais verde, vai saber porque...), vamos chegando a conclusão que falhamos um bocado em nossas vidas, mas, vivemos intimamente ligados naquilo tudo que desejamos o tempo todo estar próximos; e talvez seja por isso que as quatro décadas tenham valido a pena.

Estou naquela fase de procurar diagnósticos para coisas que ficaram no compasso de espera, decisões que antes poderiam ficar para depois, hoje não podem mais esperar - Não posso omitir de mim mesma as minhas vontades ocultas, os meus sonhos e projetos de vida que de tão íntimos ficaram imersos no escuro do medo e do talvez. Agora é tudo ou nada, agora ou nunca, vai ou racha e seja o que Deus quiser. 

A impressão que eu tenho é que os próximos quarenta anos passarão rápidos demais, curtos demais e eu estarei talvez longe demais do que espero alcançar. O bom disso tudo é saber que nada será em vão, tudo pode ser bem vivido, aproveitado, apreendido... De alguma forma a vida deve ser assim pra todo mundo, não é mesmo? - Complexa. Incerta. Voraz.

Já não caibo mais nas roupas 38, meu manequim já algum tempo passou de P para M e sorrio satisfeita em saber que pelo menos a numeração do meu pé não mudou. Olho para o espelho e não me reconheço "senhora". - Uma adolescência tardia -  é essa impressão que tenho da vida após os quarenta, em que a gente não se localiza em nada, ama tudo que tem, viveu e sentiu, tem um apego enorme ao passado e as raízes, mas sente uma vontade enorme de viver, conhecer e se apaixonar perdidamente por novas idéias, coisas, lugares e valores.

Talvez eu inclua na minha lista de check-up uma passadinha ao psicólogo...Só para tomar um chá, jogar conversa fora e ter a consciência tranquila de que não me distraí demais nas escolhas.

Linda noite pessoal.


2 comentários:

  1. Nossa amiga, lindo, real e profundo.
    que meus 40 chegue rapido pra eu poder compartilhar a felicidade de viver e ter historias pra contar.
    Beijos e boa noite.
    Beatriz Maiello

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  2. Nossa amiga, lindo, real e profundo.
    Quero chegar logo ao 40 pra poder compartilhar com todos
    e ter muitas historias pra contar.
    Não falta muito, rsrsrs.
    Boa noite.

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