sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Meditando sob a ótica do trecho de O Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupéry

Publicado em 16 16UTC setembro 16UTC 2011 por Cau Oliveira


Ontem vivi uma noite de profunda tristeza. Um misto de abandono e insatisfação comigo mesma. Eu me sentia tão feliz! Tão plena, tão absurdamente amada… E de uma hora para outra estava sozinha no escuro do quarto meditando no que deixei de fazer em minha relação de amor, para que não tenha dado certo.

Me lembrei da rosa, do livro O Pequeno Príncipe, de Antoine Saint- Exupéry… E me senti como ela. Única.

Refiz em minha cabeça o trecho em que o principezinho encontra na terra um canteiro de rosas e tristemente percebe que deixou a que ele mais amava… É estranho conceber uma relação sem que ela seja única um para o outro, eu pelo menos acho que é através do companheirismo e do afeto direcionado que vamos descobrindo no outro o que o torna tão especial e diferente dos demais. A maneira de sorrir, um pequeno defeito, ou o pior deles… Tudo no outro nos chega de forma tão apaixonante que podemos dizer ser esta única no nosso universo.

Mas porque preferimos ferir a quem tanto amamos? Porque essa eterna busca que não chega a lugar nenhum? - Como diz o Pequeno Príncipe, “o que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar”. Acho que é isso mesmo. Quando nos apaixonamos ganhamos da vida um presente, ele carrega todo amor e toda a ternura de quem o deu, a expectativa no desembrulhar e encontrar ali o coração do outro é sublime.

O canteiro de roseiras tão iguais e falantes me lembra muito os problemas e dificuldades do dia a dia, dos infortúnios e temperamentos nem sempre parecidos… Coisas que a gente pode modificar e entender no outro e prefere abrir mão destes detalhes… Mas são estes pequenos detalhes que a gente acaba deixando de desfrutar quando temos uma única rosa. Nos perdemos na algazarra que ecoa feito cascas sem conteúdo. Mas sobre isso, prefiro que o próprio Pequeno Príncipe dê seu conselho:

“_ Os homens de teu planeta cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim… e não encontram o que procuram…”
“_ E, no entanto, o que eles procuram poderia ser encontrado numa só rosa, ou num poço de água.”
“_ Mas os olhos são cegos. É preciso ver com o coração…”

TRECHO DO TEXTO MEDITADO:

… Mas aconteceu que o pequeno príncipe, tendo andado muito tempo pelas areias, pelas rochas e pela neve, descobriu, enfim, uma estrada. E as estradas vão todas em direção aos homens.

- Bom dia! – disse ele.

Era um jardim cheio de rosas.

- Bom dia! – disseram as rosas.

Ele as contemplou. Eram todas iguais à sua flor.

- Quem sois? – perguntou ele espantado.

- Somos as rosas – responderam elas.

- Ah! – exclamou o principezinho…

E ele se sentiu profundamente infeliz. Sua flor lhe havia dito que ela era a única de sua espécie em todo o Universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!

“Ela teria se envergonhado”, pensou ele, “se visse isto… Começaria a tossir, simularia morrer, para escapar ao ridículo. E eu seria obrigado a fingir que cuidava dela; porque senão, só para me humilhar, ela seria bem capaz de morrer de verdade…”

Depois, refletiu ainda: “Eu me julgava rico por ter uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum. Uma rosa e três vulcões que não passam do meu joelho, estando um, talvez, extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito poderoso…”

E, deitado na relva, ele chorou.

OUTRA PARTE:

O pequeno príncipe foi rever as rosas:

- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu a tornei minha amiga. Agora ela é única no mundo.

As rosas ficaram desapontadas.

- Sois belas, mas vazias – continuou ele, – Não se pode morrer por vós. Um passante qualquer sem dúvida pensaria que a minha rosa se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela quem eu reguei. Foi ela quem pus sob a redoma. Foi ela quem abriguei com o pára-vento. Foi nela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi ela quem eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. Já que ela é a minha rosa.

E voltou, então à raposa:

- Adeus… – disse ele.

- Adeus – disse a raposa. – Eis o meu segredo. É muito simples: Só se vê bem com o coração.

“Só se vê bem com o coração” – repetiu o principazinho, para não esquecer.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.

- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa… -repetiu ele, para não se esquecer.

- Os homens esquecem essa verdade – disse ainda a raposa. – Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa… – repetiu o principezinho, para não se esquecer. “

Com todo meu amor, para meu príncipe.

Crédito da imagem: http://angelcris-angelcris.blogspot.com/2009/08/o-p

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